? World Music | Tradução em Língua Gestual Portuguesa pela intérprete Vânia Ferreira
? Sexta, 23 Outubro
⌚ 21h30
? Auditório CiRAC
? Gratuito
Raúl Manarte é um músico, compositor, fotógrafo e psicólogo do Porto.
Membro fundador dos be-dom, um grupo de percussão que fazem das latas, bidões, garrafas e de tudo o que possam lembrar, instrumentos musicais e que os aliam a um humor muito particular, interactivo e original. Desde 1999, contam já com 20 anos de atuações nacionais e internacionais (destacando-se alguns momentos como a abertura do festival nacional da canção, convidados na final do Portugal tem talento, BBC, Bahrain, Macau, Fringe Festival na Escócia por 3 ocasiões, etc).
Foi também compositor, letrista e guitarrista no projeto Papillon de 2016 a 2018.
A par da vida como músico manteve sempre o exercício da psicologia clínica. Em Portugal isto traduziu-se no trabalho no âmbito da psicologia da saúde no Sistema Nacional de Saúde: consulta clínica à população em geral e trabalhadores do sexo, aconselhamento e teste de VIH/SIDA, consulta a cuidadores de doentes em fase terminal, etc.
A nível internacional associa a prática da psicologia ao trabalho humanitário, com várias missões já realizadas. Como consequência a sua criação musical não pode deixar de ser marcada por essas realidades vivenciadas como psicólogo humanitário internacional.
Esteve a trabalhar como psicólogo no campo de refugiados de Mória, na ilha grega de Lesbos em Dezembro de 2016 e em janeiro de 2020. Um campo em território da União Europeia que não atinge os critérios mínimos internacionais de qualidade. Construído para 3.000 pessoas, conta com a presença de quase 20.000. Não há água quente, a maioria das pessoas dorme em tendas, todos os anos registam-se várias mortes devido ao frio. A prevalência de problemas de saúde mental é elevada, há casos regulares de agressão física e sexual e tentativas de suicídio, mesmo em crianças. Neste segundo regresso à Ilha de Lesbos compôs o tema “Moria”, cujo vídeo foi também captado nesta última missão retratando as condições sub-humanas do Campo de Refugiados de Moria.
Esteve em missão humanitária na Guiné-Bissau com os Médicos sem Fronteiras, nos cuidados intensivos pediátricos do hospital da capital, onde as taxas de mortalidade atingem os 40% devido a causas que, muitas vezes, seriam totalmente evitáveis ou remediáveis no “ocidente”. Durante esta missão compõe, grava e filma um videoclip “na Bissau” que aborda temas como a mutilação genital feminina e o tráfico de crianças. Este tema é então utilizado pela ONU em campanha de sensibilização.
Visitou Caracas (Venezuela) em Setembro de 2018. Considerada a cidade mais violenta do mundo em 2017, num país a atravessar o seu período económico e político mais instável e perigoso dos últimos 40 anos. Realiza o documentário “Venezuela, te Escucho”.
Participa numa missão humanitária a Moçambique em Abril de 2019, logo a seguir ao furacão Idaí, com os Médicos sem Fronteiras. Os MSF trataram mais de 4.000 casos de cólera numa epidemia de cerca de 6.000. As atividades de saúde mental atingiram mais de 15.000 pessoas no distrito de Dondo (um dos mais afetados pelo desastre natural). Regressa a Moçambique em Março de 2020, novamente com os Médicos sem Fronteiras, onde na província de Cabo Delgado já morreram mais de 700 pessoas em ataques terroristas e há centenas de deslocados.
Cá em Portugal e depois da tragédia dos incêndios de 2017, retratou no tema “Chuva e fogo” a realidade vivida pelos sobreviventes da tragédia de Pedrogão e dos fogos de Outubro.
Apesar do reportório contar com estas músicas oriundas de trabalho humanitário, há muito trabalho com outra estética mais “leve”, como mostra muito bem a “Conceição” e agora o novo tem “Alice”, uma viagem leve…às costas do vento.













